MORREU.
A mansão dos mortos nunca diz chega.
De: João Batista de Paula- Escritor e Jornalista.
Coitado! Morreu.
O coitado morreu!
Morreu sem poder resgatar suas jóias do penhor!
Nem pode ajudar tanto a família que queria!
Nem pode usar o dinheiro que guardava no banco!
Nem pode começar a vida nova com o trabalho que assumiria amanhã!
Nem teve tempo de receber a homenagem que os amigos tinham preparado para sua pessoa.
Oh! Morte cruel. Ninguém consegue negociar com ela, nem adiar o dia em que o sopro de vida vai se separar do corpo, corpo que vai virar lama, cinza, pó, quando não é devorado pelos bichos selvagens ou pelos urubus....
A mansão dos mortos, realmente, nunca diz: “ chega”; e sempre cabe mais um.
O coitado - o mortinho - nem teve tempo de ser agradável, ser simpático, gentil, amigo, pessoa maravilhosa que a gente guarda no peito.
Não teve tempo de pedir desculpas e perdão para àquelas pessoas que ofendeu em vida. Agora, onde germina calada podridão, não vai poder manifestar sua interferência, nem manifestar o elogio, nem a critica, ou mais, no mundo dos vivos, porque a mansão dos mortos não devolve quem ela agregou.
Ela nunca se basta.
Ela nunca diz chega. E do lado de Cá, os coveiros continuam com a palavra de ordem do dia: “ O luto continua”.
A esperança é a única que morre!
Então, resta a nós viventes ficar torcendo para o “mortinho” ter um encaminhamento e o merecimento de poder contar com a luz divina, que Deus em sua infinita bondade o acolha, para gozar muito, gozar de paz, saúde e prosperidade no paraíso celestial.
A vida na terra continua. E quem vai usufluir dos bens ?
Quem vai retirar o nome da lista suja?
Quem vai retirar suas máculas e resgatar o seu nome das masmorras?
Quem vai deixar o finado, realmente, descansar em paz e sem o apego às coisas materiais?
A vida continua... Ninguém é insubstituível.
A maioria das pessoas se acha toda poderosa, acima de tudo e de todos, esquecendo que não é eterna. As pessoas esquecem que são “ bombas” ambulantes, que podem ser apagadas a qualquer momento. São velas acesas, que podem ser apagadas num instante, ou lâmpadas queimadas, que não vão poder acender nunca mais.
Tenho dito: Seja um farol de luz a iluminar a vida das pessoas que o acercam.
O cidadão da atualidade vive no corre e corre, sem amar muito, sem ser útil, sem ser grato, ser abraçar, sem unir, sem promover a paz, sem gerar felicidade para si e para os outros. E, ainda, pergunta: “ O que vai adiantar, se tudo passa, se vou morrer do mesmo jeito?”. Adianta sim, porque o amor, a bondade e o bom exemplo permanecerão.
A verdade é que ninguém consegue negociar com o Senhor da Morte, onde o imprevisto não manda aviso prévio. E nesta vida, nesse mundo passageiro e transformador; vogam os feitos que realizamos em beneficio da humanidade, longe do egoísmo e do materialismo.
Só Deus na causa!
Só Deus sabe o tempo certo de cada coisa!
Só Deus pode prolongar a vida!
Só Deus pode fechar as portas da mansão dos mortos; fechar sua garganta, fechar seu desejo de quero mais e quero mais, porque sua garganta sempre está pronta e escancarada para receber mais um.
Viva a vida com gratidão.
Viva a vida fazendo coisas bem feias para si e para os outros.
Viva a vida com boas realizações e bons momentos, porque a vida é feita de bons momentos, boas realizações, altos e baixos, vivencias.
Cabe a cada um de nós acreditar na beleza da vida, vida pautada no amor de Deus, para termos o merecimento de um descanso eterno.
No mundo dos mortos estão os justos e injustos; o bom ladrão e o ladrão perigoso.
A boa vida da terra foi levada com a morte do corpo humano, que, inclusive, não vai poder vivenciar e nem praticar mais maldades e nem bondades. Morreu. Em alguns casos vai ficar uma foto no porta retrato como boa recordação. Em seguida, nem isso. Porque os mortos não voltam mais a ocupar seus lugares de destaques e posição social na vida dos vivos. Foi-se.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará...
Só Deus na causa!
Só Deus sabe o tempo certo de cada coisa!
Só Deus pode prolongar a vida.
Deus é amor.
Deus é a vida.
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